O comportamentalismo aplicado na educação e o ABA, em debate
Esta edição monográfica tem como objetivo examinar a aplicação do comportamentalismo na educação, em particular o chamado Análise do Comportamento Aplicada (ABA), com foco especial no autismo e outras condições de neurodiversidade ou neurodivergência. Buscamos perspectivas críticas que avaliem sua eficácia, ética e compatibilidade com o bem-estar, o progresso e o desenvolvimento humano, assim como argumentos ou alternativas válidas, a partir de abordagens positivas e afirmativas da neurodiversidade.
Na metade do século XX, a ciência psicológica experimentou uma profunda transformação marcada pelo declínio do comportamentalismo e o surgimento da psicologia cognitiva. As críticas ao comportamentalismo, centradas em seu reducionismo e incapacidade de explicar processos mentais complexos, impulsionaram essa revolução científica. No entanto, observa-se que o comportamentalismo se manteve de forma contínua e persiste até hoje em diversas áreas, especialmente na educação. De modo notável, o ABA, desenvolvido por Ivar Lovaas após aqueles anos de "fim da era glacial do comportamentalismo", tem sido amplamente aplicado e até mesmo visto como a única opção por décadas, sob a forma de terapias para o autismo. Nos últimos anos, essa forma de comportamentalismo aplicado enfrenta novamente crescentes críticas, tanto em comunidades autistas quanto na pesquisa, e sua eficácia, ética e compatibilidade com modelos pedagógicos adequados, inclusivos e respeitosos da neurodiversidade são questionadas. Ao mesmo tempo, as dificuldades em suas premissas subjacentes se tornam visíveis em um contexto em que se reflete sobre o alcance de termos como "transtornos" aplicados ao autismo e outras condições de neurodiversidade ou neurodivergência.
Esta edição monográfica busca analisar de forma crítica a aplicação do comportamentalismo na educação, assim como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), em particular em relação ao autismo e outras condições de neurodiversidade ou neurodivergência.
Convidamos trabalhos que abordem os seguintes aspectos:
- História e evolução: Origem e desenvolvimento do comportamentalismo aplicado na educação e do modelo ABA, sua relação com outras abordagens educacionais/pedagógicas ou formas de terapia, assim como sua adaptação a diversos contextos, condições e situações.
- Críticas e limitações: Análise das críticas e argumentos contra a aplicação do comportamentalismo na educação e do modelo ABA, incluindo suas implicações éticas e sociais, assim como sua compatibilidade com a afirmação da neurodiversidade.
- Alternativas e direções futuras: Exploração de alternativas de abordagens educacionais/pedagógicas adequadas, inclusivas e afirmativas da neurodiversidade, e busca de práticas baseadas em evidências que promovam o bem-estar e o desenvolvimento de pessoas autistas ou com outras condições de neurodiversidade ou neurodivergência.
- Estudos de caso, sistematizações de conhecimento e experiências práticas: Trabalhos que ilustrem a implementação do comportamentalismo aplicado na educação ou de modelos baseados em ABA em salas de aula e outros contextos educacionais, e seus resultados.
Buscamos trabalhos que, a partir de diversas perspectivas teóricas e metodológicas, contribuam para um debate informado e crítico sobre o papel do comportamentalismo aplicado e dos modelos baseados em ABA na educação atual.
Submissão de Propostas
Os autores interessados em submeter um artigo devem enviar um resumo de 250-300 palavras para editor@edna-journal.org até 31/03/2025. O resumo deve incluir o título do artigo, uma breve descrição do tema, a metodologia utilizada e os resultados esperados. Os autores dos resumos selecionados serão convidados a enviar o artigo completo.
Datas Importantes
- Submissão de Resumos: 31/03/2025
- Notificação de Aceitação de Resumos: 15/04/2025
- Submissão de Artigos Completos: 30/06/2025
Formato dos Artigos
Artigos de pesquisa empírica, revisões teóricas e estudos de caso são aceitos. Os artigos devem ter um comprimento máximo de 6000 palavras e devem seguir as diretrizes de estilo do periódico EDNA. Os artigos devem ser originais e não terem sido publicados anteriormente em outro lugar.
Contato
Para quaisquer perguntas ou dúvidas, entre em contato com Constanza Ruiz-Danegger, Editora do periódico EDNA (editor@edna-journal.org).