Chamada de Artigos: Repensando a Deficiência Intelectual em Pessoas Autistas, Rumo a Novas Perspectivas
As dificuldades na comunicação e na linguagem podem mascarar as habilidades cognitivas reais de algumas pessoas autistas. A evidência sugere que as capacidades das pessoas autistas são frequentemente subestimadas devido a métodos de avaliação pouco adaptados. Esta chamada busca promover a identificação de forças e áreas de potencial em pessoas autistas tradicionalmente rotuladas com deficiência intelectual.
Reconhecendo que as pessoas autistas podem necessitar de apoio extenso, esta necessidade não deveria limitar as expectativas sobre o seu potencial. O capacitismo e o estigma implicam barreiras para o acesso a ajudas, o desenvolvimento de habilidades e a autonomia. Persistem questões éticas associadas a interpretações, práticas e linguagem relacionada, o que impacta a vida de pessoas autistas, suas famílias e comunidades.
Este call for papers busca fomentar um diálogo que promova uma compreensão mais inclusiva e respeitosa das necessidades e do potencial de todas as pessoas autistas.
Temas sugeridos-
Ambiguidade e crítica do termo "Deficiência Intelectual" no contexto autista.
Revisar a história, validade e o alcance do termo "deficiência intelectual" quando aplicado a pessoas autistas, considerando a heterogeneidade do autismo e como as avaliações tradicionais podem não refletir as verdadeiras capacidades cognitivas.
Analisar criticamente os critérios diagnósticos atuais e o seu impacto na estigmatização e exclusão de pessoas autistas. -
O mascaramento de habilidades devido a dificuldades de linguagem e comunicação.
Explorar a necessidade de abordagens de avaliação mais individualizadas que não se baseiem unicamente em medidas de QI ou linguagem.
Considerar formas alternativas de comunicação e como estas podem revelar habilidades previamente ignoradas. -
Avanços na avaliação neurocognitiva específica para pessoas autistas:
Fomentar o desenvolvimento de avaliações que possam identificar capacidades cognitivas que não são detectadas pelos métodos convencionais.
Promover pesquisas sobre novas metodologias de avaliação neurocognitiva desenhadas para pessoas autistas, especialmente aquelas com dificuldades de comunicação.
Incluir estudos que utilizem tecnologias como o EEG, o seguimento ocular, a fenotipagem digital e outras com potencial para avaliar habilidades específicas. -
Identificação e valoração de habilidades, potencial, qualidade de vida e bem-estar.
Investigações que identifiquem as forças e o potencial de pessoas autistas, tradicionalmente rotuladas com deficiência intelectual, enfatizando as suas áreas de talento e habilidade, assim como a sua qualidade de vida, bem-estar e expressão do seu próprio projeto de vida.
Explorar métodos para apoiar a sua inclusão e melhorar a sua qualidade de vida. -
Intervenções e apoios personalizados, situados e contextualizados.
Estudos e experiências sobre a efetividade das intervenções e sistemas de apoio para pessoas autistas, e como estas se podem adaptar para satisfazer as suas necessidades específicas.
Incluir a necessidade de acesso a serviços intensivos e ambientes estruturados para algumas pessoas autistas, dentro de diversos ambientes, e com participação de famílias, cuidadores e equipes profissionais nos planos de apoio. -
Impacto do diagnóstico ao longo da vida, assim como diversidade de dispositivos educativos e de apoio.
Explorar o impacto do diagnóstico de autismo ao longo da vida, em relação com intervenções mais precoces e personalizadas, e os seus efeitos no desenvolvimento e bem-estar pessoal.
Considerar o impacto (emocional, social, entre outros) para as famílias e as suas estratégias de enfrentamento, em distintos contextos. -
Ética da avaliação e da terminologia.
Promover um debate sobre a exequibilidade e a ética da avaliação da deficiência intelectual em pessoas autistas desde abordagens de neurodiversidade e neuro-afirmação, assim como o uso de terminologia adequada.
Fomentar a reflexão sobre as implicações de termos como "autismo profundo" e o seu impacto na perceção e na interação com pessoas autistas.
Integrar as perspectivas da neurodiversidade e da neuro-afirmação, e a necessidade de serviços especializados, evitando o capacitismo e a estigmatização.
Priorizar a dignidade e o valor de cada pessoa autista e o seu direito a uma vida plena. -
Experiências de famílias e cuidadores, e implicações do estigma.
Investigações qualitativas e com métodos mistos que explorem as experiências de famílias e cuidadores de pessoas autistas com dificuldades na comunicação ou deficiência intelectual, destacando os seus desafios e necessidades de apoio.
Considerar as dificuldades no acesso a serviços adequados e a necessidade de melhorar a formação de profissionais da saúde.
Incentiva-se a ter em conta
- Utilização de multimetodologias, metodologias qualitativas ou métodos mistos, segundo seja apropriado.
- Prestar atenção às disparidades raciais, étnicas e socioeconômicas no acesso ao diagnóstico e aos serviços.
- Incentivar a formulação de recomendações práticas para a avaliação, a intervenção e a política pública.
- Destacar que o enfoque deve estar centrado na pessoa autista, reconhecendo a sua autonomia e direito à autodeterminação.
Este Call for Papers está dirigido a investigadores, educadores, profissionais da saúde, pais/mães ou cuidadores, tomadores de decisões e formuladores de políticas educativas, e qualquer pessoa interessada na educação e no desenvolvimento de pessoas autistas com diagnóstico de Deficiência Intelectual. Interessa-nos em particular explorar as experiências, os pontos de vista, as declarações e as propostas em primeira pessoa por pessoas com diagnóstico de deficiência intelectual, assim como pessoas com dificuldades na comunicação.
Envio de propostasOs/as autores interessados em enviar um artigo devem enviar um resumo de 250-300 palavras para editor@edna-journal.org antes de 31/12/2025. O resumo deve incluir o título do artigo, uma breve descrição do tema, a metodologia utilizada e os resultados esperados. Os/as autores dos resumos selecionados serão convidados a enviar o artigo completo.
Datas importantes- Envio de resumos: 31/12/2025
- Notificação de aceitação de resumos: 15/1/2026
- Envio de artigos completos: 31/3/2026
Aceitam-se artigos de investigação empírica, revisões teóricas e estudos de caso. Os artigos devem ter uma extensão máxima de 6000 palavras e devem seguir as normas de estilo da revista EDNA. Os artigos devem ser originais e não ter sido publicados previamente em outro lugar.
ContatoPara qualquer pergunta ou consulta, por favor, entre em contato com Constanza Ruiz-Danegger, Editora da revista EDNA (editor@edna-journal.org).
DOI: 10.13140/RG.2.2.12568.30722